Debate sobre mudanças no FGC após a liquidação do Banco Master
📌 Contexto: Liquidação do Banco Master e impacto sobre o FGC
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O FGC irá disponibilizar R$ 41 bilhões para cerca de 1,6 milhão de credores do Banco Master.
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O fundo tem patrimônio de ~R$ 160 bilhões, sendo R$ 120 bilhões líquidos, portanto com folga para realizar os pagamentos.
Apesar da robustez financeira, a liquidação reacendeu entre os grandes bancos a discussão sobre possíveis mudanças nas regras do FGC.
🏛️ Por que os grandes bancos querem mudar as regras?
Os grandes bancos alegam que:
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Instituições pequenas estariam usando o FGC como atrativo excessivo para captar recursos, oferecendo produtos 100% cobertos pelo fundo.
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Isso cria concorrência considerada “desleal” pelos bancões, já que o risco para investidores é praticamente zerado.
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Com a quebra do Master, essas preocupações ganharam nova força.
As propostas cogitadas incluem:
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aumento da contribuição para o FGC;
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mudança no limite de cobertura (hoje R$ 250 mil por instituição).
🏛️ Posição do Banco Central
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, deu recado firme:
É preciso preservar o FGC para garantir a competitividade das instituições menores.
Argumentos do BC:
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Bancos grandes têm o benefício implícito do “too big to fail” — são socorridos pelo Estado em caso de crise.
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O FGC serve para compensar essa assimetria e permitir que bancos menores também consigam captar recursos.
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Qualquer mudança não pode comprometer o papel do FGC de nivelar a competição e proteger o consumidor.
🧑💼 Visão do mercado
ABBC (Associação Brasileira de Bancos)
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O FGC permitiu maior diversidade de produtos e redução das taxas aos investidores.
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Mudanças devem ser feitas com cautela.
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Propõe-se que a contribuição ao FGC leve em conta o risco dos ativos de cada instituição — e não apenas um percentual fixo.
Instituições menores
Executivos de fintechs e bancos pequenos destacam:
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O FGC é essencial para viabilizar a concorrência.
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O BC possui controles rígidos para permitir competição sem comprometer a estabilidade do sistema.
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A existência do FGC ajuda a reduzir o spread bancário ao fomentar novos competidores.
🟦 Como funciona hoje a contribuição ao FGC
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Contribuição mensal: 0,01% sobre produtos cobertos.
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Antes de 2018 era 0,125%.
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Alíquota atual é igual para todos os bancos.
Produtos cobertos:
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Conta corrente e poupança
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CDB / RDB
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LCI / LCA / LCD
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LH, LC
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Conta salário
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Algumas operações compromissadas
Limites de cobertura:
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R$ 250 mil por CPF/CNPJ por instituição
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Limite global para múltiplas quebras em 4 anos: R$ 1 milhão
🛡️ Novas medidas de fiscalização do BC
Antes da liquidação do Master, o BC já vinha apertando controles:
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Resolução que limita alavancagem entra em vigor em 2026.
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Nova consulta pública para criar critérios de mensuração diária da qualidade dos ativos.
Segundo especialistas, isso aumentará a resiliência do sistema financeiro.
📌 Conclusão
O debate sobre mudanças no FGC ganhou força após a liquidação do Master, mas:
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o BC quer manter o papel competitivo do fundo;
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as alterações devem ser estudadas com tempo;
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a tendência é evoluir para um modelo de contribuição baseado em risco, mas não há consenso para mudanças imediatas em 2026.
